Tecnologia

ARTE E VIDA DIGITAL

Debates, textos e publicações promovidos pelo instituto apontam como a experiência digital e os dados colhidos por tecnologias da informação mapeiam e moldam a subjetividade e a vida pública

IMAGEM DIGITAL
É o termo mais correto para designar o que se costuma chamar no Brasil de fotografia digital – aquela diretamente produzida por um processo digital –, para distinguila da fotografia convencional. Como o processo é muito recente, não existe ainda um consenso universal em relação à terminologia. Os americanos, por exemplo, denominam esse sistema de digital imaging, enquanto os franceses preferem denominálo de système numérique, em referência ao sistema binário de codificação que constitui a base da imagem digital.

LITERATURA DIGITAL
É a exploração das possibilidades formais surgidas com o desenvolvimento de tecnologias visuais e sonoras, como o vídeo, o computador e a edição eletrônica de textos. Essas tecnologias têm disponibilizado novos recursos expressivos, que reformulam não só a produção dos textos literários como também a sua leitura. A principal inovação que marca a literatura digital é a migração do texto da página impressa para a tela, trazendo para o gênero literário as possibilidades de animação comumente relacionadas com o cinema e o vídeo. (…) Essas novas coordenadas da produção literária desafiam os escritores a lidar com uma ambiguidade essencial da palavra escrita, que é a relação entre a sua função icônica (isto é, como imagem antes de tudo) e a sua função simbólica, condicionada pelos significados verbais. As primeiras experiências de literatura digital têm suas raízes na poesia concreta, que já esboçava uma poesia-em-movimento, mas que ainda ficava presa à página impressa.

Projetos
ENTRE O SOLO ARGILOSO E OS ALGORITMOS
O texto de Duane Ribeiro, analista de comunicação do Itaú Cultural, parte do ciclo de debates Brechas Urbanas (2018) e das ideias do filósofo Bruno Latour para discutir como as tecnologias da informação estão transformando a vida. Para Latour, o conhecimento dá-se pela interação de diversos níveis e usos de informação e a cidade é o fruto da relação entre instituições, matérias e inscrições. Ao atualizar essa premissa, levando em consideração a experiência mediada pelo mundo virtual, as relações com a cidade tornam-se mais complexas, na medida em que o mapeamento de dados – possível pelos aplicativos de smartphones e tablets – permite compreender as relações de espaço e outras variáveis no tempo, como deslocamentos, acidentes de percurso, eventos sociais ou interesses pessoais. As observações de Ribeiro sobre as proposições de Latour apontam para os usos ambíguos das tecnologias da informação, para fins de controle e manipulação.

PROGRAMAS DE COMPUTADOR E IMPREVISIBILIDADE
Publicado em 2015, na edição 19 da revista Observatório Itaú Cultural, o texto de Marcos Cuzziol aborda como programas e algoritmos, ainda que configurados por pessoas, podem ser imprevisíveis. O pesquisador analisa o desenvolvimento dos algoritmos genéticos, criados entre os anos 1960 e 1970 pelo cientista John Holland, que podem se desenvolver evolutivamente para além da operação “criacionista” do programador. Por meio de um mecanismo “darwiniano” de derivação a partir de suas possibilidades internas, os programas podem gerar novos programas. Eles analisam, a partir de milhares de combinações, aquelas que melhor funcionam e ampliam as possibilidades de resolução de problemas que não estavam mapeados pelo humano por trás das máquinas. Além desses encontros inesperados, programas podem ser instruídos a descobrir essas alternativas de modo evolutivo. Algoritmos genéticos podem ser treinados para que os inputs e outputs desenvolvam habilidades, como identificação de padrões de voz, formas e escrita, e desempenhem resultados a partir disso, como as tecnologias de reconhecimento facial que são usadas na vigilância das cidades.

A CIDADE REFLETIDA NAS TELAS
Como parte do Brechas Urbanas (2018), o debate entre o artista Lucas Bambozzi e o cientista social Sergio Amadeu da Silveira discute de que modo a tecnologia molda os espaços públicos e subjetivos da cidade. Ao apresentar projetos e curadorias, Bambozzi fala de seu interesse pelo campo magnético gerado pela profusão de equipamentos de comunicação e suas ondas eletromagnéticas que escapam ao nosso aparelho sensorial. Já Silveira discute o impacto que aplicativos de smartphones tiveram no ambiente urbano, transformando as relações de trabalho, modificando interesses imobiliários e transportes. O Uber, que surgiu como otimização de um comércio local, ampliou-se de tal modo que a expressão uberização ganhou o significado de precarização do trabalho. Para o cientista social, os algoritmos preditivos tomam cada vez mais decisões pela população, que perde ingerência sobre o espaço urbano. Ele termina com a provocação “temos como evitar que empresas como a Cambridge Analytica definam o futuro de um país inteiro?”

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