Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, autora do livro Bichos Vermelhos e grande entendedora do assunto, frisa que falar sobre espécies ameaçadas desde cedo é mais do que importante — é urgente. Muito se fala sobre educação ambiental, mas poucas vezes esse tema é tratado com a leveza e a sensibilidade necessárias para dialogar diretamente com as crianças. Num mundo onde o desaparecimento de animais silvestres se tornou quase invisível no cotidiano urbano, despertar a consciência infantil para essa questão é plantar sementes que podem florescer em atitudes transformadoras no futuro.
Vamos agir desde cedo! Ao falar sobre animais em extinção com as crianças, estamos plantando as sementes de um futuro mais consciente e responsável. Bichos Vermelhos nos lembra da importância de abordar a preservação de maneira sensível e acessível. Não deixe para amanhã, comece hoje a transformar o amanhã!
Por que esse tema deve ser apresentado desde cedo?
As crianças possuem uma capacidade natural de se encantar pelo mundo ao seu redor. Quando temas como a extinção de espécies são apresentados de maneira acessível e poética, como faz Lina Rosa Gomes Vieira da Silva em Bichos Vermelhos, criamos oportunidades únicas para que elas desenvolvam empatia e senso de responsabilidade ambiental. Ao contrário do que muitos pensam, a infância não é um tempo de alienação, mas de formação de valores sólidos que acompanharão esses pequenos cidadãos pelo resto da vida.
Outro ponto importante é que, ao conhecerem animais ameaçados, as crianças passam a enxergar a natureza como um organismo vivo e interdependente, onde cada espécie cumpre seu papel. Deixar de lado essa abordagem na infância é perpetuar a lógica de que os problemas ambientais são questões distantes ou de adultos, quando, na verdade, a preservação do planeta interessa a todas as idades. Histórias, livros e jogos educativos têm o poder de tornar essa conversa mais leve, mas sem perder a importância.
Como livros e atividades lúdicas podem ajudar nesse processo?
A literatura infantil sempre foi uma aliada poderosa no processo de aprendizagem e sensibilização. No caso de Bichos Vermelhos, a autora conseguiu unir diversão, informação e afeto, apresentando 20 espécies ameaçadas de forma poética e interativa. A proposta de incluir esculturas de papel 3D no final do livro, para que as crianças montem os próprios bonecos, transforma a leitura em uma experiência tátil e afetiva, aproximando os pequenos daquilo que parecia distante.
Esse tipo de atividade lúdica permite que a criança não apenas aprenda conceitos ambientais, mas também sinta-se parte ativa na proteção desses animais. Ao tocar, montar e conhecer o nome e as histórias de bichos como o tamanduá-bandeira ou a onça-pintada, ela cria vínculos afetivos que favorecem o respeito à fauna e flora do país. Como Lina Rosa Gomes Vieira da Silva defende, é importante que as crianças vivam o tema, e não apenas ouçam sobre ele de forma abstrata.
Qual o impacto dessas conversas para o futuro?
Falar sobre extinção de espécies com as crianças é, antes de tudo, investir em um futuro mais consciente e sustentável. Quando uma criança entende por que o tatu-bola ou o peixe-boi-marinho correm risco de desaparecer, ela passa a questionar práticas nocivas como o desmatamento, a caça ilegal e a poluição. Essa consciência crítica, cultivada desde cedo, contribui para a formação de cidadãos mais atentos às consequências de suas ações.
O impacto se estende também ao meio familiar e social. Crianças são grandes multiplicadoras de informação e, quando tocam em temas como a preservação ambiental, levam esse conteúdo para casa, questionam hábitos e despertam a reflexão em adultos que, muitas vezes, não dedicam tempo para pensar nessas questões. Como lembra a editora Rosana Mont’Alverne, “precisamos tomar partido urgentemente: o partido da natureza”.
Por fim, como destaca Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, essas conversas ampliam a percepção das crianças sobre o mundo e sua diversidade. Elas aprendem que o planeta é habitado por milhares de espécies, muitas das quais nem chegaram a conhecer. Reconhecer o valor de cada ser vivo e entender seu papel no equilíbrio ecológico é, sem dúvida, um dos aprendizados mais valiosos que podemos oferecer a uma nova geração.
Autor: Wolf Neuman
